Norma Emiliano honrou-me com um convite para participar na festa dos seis anos do seu
Blogue Pensando em Família pelo que agradeço a sua gentileza apresentando-lhe os meus Parabéns pelo Aniversário do Blogue e a minha simples prestação.
Transcrevo a introdução sobre o assunto que propôs:
«Amigos foram convidado a participar da Blogagem Coletiva, inspirando-se num recorte de sua história.
No ciclo da vida o que nasce um dia finda. Cada etapa encerra em si seus momentos que não podem ser transpostos para os demais, mas que permanecem retidos na memória. Altos e baixos, retas e curvas constroem as trajetórias emolduradas pelo sol e pela lua que se sucedem até que a cortina da vida se encerre.
Vamos costurar histórias e enaltecer a criação».
Era uma vez uma criança igual a tantas outras embora irrequieta
no seu modo de estar e no pensamento que desde tenra idade a perseguia!
Da sua casa situada numa aldeia no alto de uma colina avistava
o rio e logo pela manhã quando o olhava parecia que nele via reflectida a sua
imagem ainda mal desperta!
Como era fascinante admirar o nascer do sol que irradiava uma
luz tão clara e quente que lhe acariciava o rosto logo pela manhã! E o rio lá em
baixo sempre a sorrir-lhe, sempre a acenar-lhe. No inverno e durante as cheias
o rio transformava-se num imenso lago prateado que não se cansava de admirar.
Nos campos repletos de flores espantava-se com as suas
variadas cores e formas interpelando-se sobre quem as teria plantado ali!
À noite deslumbrava-se com o céu estrelado e a lua,
enorme, lá bem no alto com os seus recortes e sombras que segundo o avô representavam a figura de um homem que carregava um feixe de lenha às costas. Inocentemente acreditava! Nas noites de
trovoada, assustadoras, gostava de apreciar o espectáculo dos relâmpagos a
faiscar na escuridão! Parecia um enorme fogo-de-artifício!
As brincadeiras e jogos ao ar livre e as correrias rua acima
e rua abaixo completavam o seu mundo. Os serões à lareira em casa dos avós
proporcionavam-lhe momentos que jamais esqueceria!
As suas raízes estavam ali bem firmadas. Mas, tudo tem um
mas… A vida dá muitas voltas e ainda tão longe de imaginar que havia outros
mundos, outras formas de viver e sentir!
Num dia de verão o pai, de chofre, informou que iriam viver
para a cidade. Chorou copiosamente nos seus treze anos acabados de completar
com a notícia que, como um vendaval, a abalou de forma indescritível!
Não seria fácil a sua adaptação a um mundo que lhe era totalmente
estranho. Deixaria para trás os avós, as amigas de infância, as flores, o sol, a
lua e o rio, o seu rio que acolheu no seu leito todas as lágrimas que derramou!
Ainda hoje o rio é o seu confidente que guarda nas suas margens
todas as memórias da sua infância.
E como muitos dos amigos que me lêem sabem que o meu rio é o Tejo e a menina irrequieta sou eu!