domingo, janeiro 12, 2020

Música de que gosto

É a primeira vez que trago aqui uma das vozes que  mais admiro:

ISABEL SILVESTRE

Uma voz pura, lindíssima, que canta a Portugalidade como só ela sabe.

Hoje de Carlos Tê: letra
e
Rui Veloso - música

"A gente não lê"



Espero que apreciem.


Poema
Ai senhor das furnas
Que escuro vai dentro de nós
Rezar o terço ao fim da tarde
Só para espantar a solidão
Rogar a deus que nos guarde
Confiar-lhe o destino na mão

Que adianta saber as marés
Os frutos e as sementeiras
Tratar por tu os ofícios
Entender o suão e os animais
Falar o dialeto da terra
Conhecer-lhe o corpo pelos sinais

E do resto entender mal
Soletrar assinar em cruz
Nao ver os vultos furtivos
Que nos tramam por tras da luz

Ai senhor das furnas
Que escuro vai dentro de nós
A gente morre logo ao nascer
Com olhos rasos de lezíria
De boca em boca passar o saber
Com os provérbios que ficam na gíria

De que nos vale esta pureza
Sem ler fica-se pederneira
Agita-se a solidão ca no fundo
Fica-se sentado à soleira
A ouvir os ruídos do mundo
E a entende-los à nossa maneira

Carregar a superstição
De ser pequeno ser ninguém
E não quebrar a tradição
Que dos nossos avós já vem



Desejo-vos um resto de bom domingo
 e uma ótima semana.
Abraços,
Ailime

7 comentários:

  1. Boa noite de paz de Domingo, querid amiga Ailime!
    Gostamos ambas de música, que lindo!
    E que letra, hein, amiga? Uma riqueza, adorei e não conhecia.
    Como você me apresenta tantas e tantas músicas portuguesas lindíssimas.
    Tenha dias abençoados!
    Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem

    ResponderEliminar
  2. Que legal,Ailime! Não a conhecia! Valeu a partilha! beijos, ótima semana! chica

    ResponderEliminar
  3. Bom dia amiga.
    Também adoro ouvir a Isabel Silvestre .Tem uma voz lindíssima e esta musica foi muito bem escolhida.
    Beijinhos e boa semana.
    Natália.

    ResponderEliminar
  4. Há tanto tempo que não ouvia a Isabel Silvestre. Que bom ouvi-la aqui, minha querida Amiga.
    Uma boa semana.
    Um beijo.

    ResponderEliminar
  5. Adoro. Estou a ouvir repetidamente.

    "Que adianta saber as marés
    Os frutos e as sementeiras
    Tratar por tu os ofícios
    Entender o suão e os animais
    Falar o dialeto da terra
    Conhecer-lhe o corpo pelos sinais"

    Há 4 ou 3 décadas atrás a nossa gente “velhota” era vista como uma mais valia, a quem os mais novos pediam opinião, conselhos do tipo: quando podiam semear este ou aquele cereal, se aquele terreno que era seco daria bom centeio, se naquele outro era melhor semear milho ou batatas, se naquela velga era melhor pôr uma carreira de couves e outros tantos conselhos não só sobre as sementeiras e plantações, mas também indicações sobre o vento e as luas, os animais domésticos e de trabalho. Esta sabedoria está a perder-se completamente.

    Beijinhos, boa semana.

    ResponderEliminar
  6. Aplausos! De cá, ouvindo a bela canção portuguesa!...
    Uma boa reflexão musicada...
    Beijinhos

    ResponderEliminar
  7. Que fantástica partilha, Ailime! Desconhecia por completo, este tema, nesta versão... que adorei descobrir e apreciar por aqui... com as inspiradoras palavras, do Carlos Tê!
    Beijinhos
    Ana

    ResponderEliminar

Caminho por aí, quer chova, quer faça sol! Até quando não sei!
Só sei que quero caminhar e contra ventos e marés nada me impedirá de construir os meus castelos!Ailime