Quem me lê desde há algum tempo sabe o quanto amo a
natureza e sou sua defensora, o quanto fico triste quando as árvores são
abatidas e podadas fora da época, principalmente nos centros urbanos
onde a poluição grassa, para não falar dos incêndios que todos os anos ocorrem e
têm devorado a floresta, como tem acontecido neste verão.
Quando me
iniciei na blogosfera, no primeiro blogue que criei - uma rota
diferente - publiquei um texto sobre o corte abrupto de uma acácia que
existia em frente do prédio onde moro e que me lembrei hoje de partilhar.
Olho pela janela do quarto onde me encontro neste momento e
os meus olhos já não descansam no verde da acácia, que com a sua majestosa
sombra protegia este espaço do calor intenso nos dias de estio mais rigoroso.
Parecia uma cortina verde, enorme, a proteger-nos e a envolver-nos, como se
estivéssemos em plena floresta!
O próximo Inverno também vai ser diferente sem a acácia que eu tanto amava, que
depois de um bom aguaceiro, ficava linda, com as suas pequenas flores amarelas,
que pareciam estrelinhas a brilhar, por entre as ramagens ainda molhadas pelas
gotas da chuva, acabada de cair.
Sim, junto à minha casa existia uma acácia, um pinheiro
manso e uma nespereira.
Isto pode parecer estranho, mas é a pura verdade!
Tinham sido plantadas há cerca de trinta anos em “dias mundiais da árvore”, com
muito carinho, por grupos de casais do condomínio que com os seus filhos ainda muito
crianças na época, se juntavam nesses dias, para dessa forma os sensibilizarem
da importância da plantação de árvores para preservar o meio ambiente e também
contribuir para o alindamento da paisagem envolvente, um pouco inóspita à época.
Assim, no nosso pequeno canteiro fui vendo crescer o pinheiro, a acácia e a
nespereira!
A acácia e o pinheiro tiveram um triste fim.
Alguém achou que as árvores estavam a prejudicar este
local e que o prédio de habitação poderia ter problemas nos alicerces causados
pelas suas raízes!
Há cerca de dois meses cortaram a acácia e o pinheiro manso. Restou a
nespereira... (existe uma em cada canteiro da avenida). Poderão imaginar como
ficou este espaço…como ficou a minha alma!
Todos os dias quando passo ao lado do grande cepo da acácia sinto uma grande angústia a invadir-me. E a minha alma grita: - como foi isto possível?
Sim, foi possível e aconteceu numa vila dos arredores de Lisboa, em pleno
século XXI.
No momento em que escrevo (passados dois meses após o corte), a acácia como que
querendo renascer, quem sabe talvez resistir, brota rebentos em toda a extensão
do cepo.
Ainda não sei o desfecho desta mutilação...
...mas, que a acácia chorou, chorou.
Ailime, 30 de Agosto de 2008
Abraços
Ailime